"O governo norueguês investe massiva e crescentemente em indústrias responsáveis pela severa destruição das florestas tropicais. Através de seu polêmico fundo de pensão, a Noruega está violando seus compromissos internacionais em reduzir sua participação no desmatamento." Assim abre o interessante relatório lançado recentemente pela Rainforest Noruega e Naturvernforbundet, que investiga a participação do Fundo do Petróleo Norueguês em empresas responsáveis pela destruição de florestas tropicais.
As organizações lançaram o estudo no mesmo dia
em que o ministro das finanças Sigbjørn Johnsen apresentou os resultados
da administração do Fundo do Petróleo para 2011 ao parlamento
norueguês.
Os números são impressionantes: enquanto a Noruega contribui com US$ 500 milhões/ano para a política de REDD+, o Fundo do Petróleo investe US$ 13,7 bilhões em 73 diferentes empresas, em setores que são os principais drivers do desmatamento. E mais: é justamente esses setores que respondem pela maior lucratividade dentro da carteira do Fundo que, em um ano de crescimento negativo (-8,8% em 2011), contou com um crescimento de 13,6% no valor das ações advindas justamente dessas empresas.
No Brasil, o Fundo do Petróleo Norueguês detém ações em empresas como Marfrig, Bunge, Petrobras e Vale, que são verdadeiros gigantes dos setores de pecuária, soja e mineração, os mais ameaçadores vetores de desmatamento atuais.
Lars Løvold, da Rainforest Noruega, arrochou o primeiro ministro: "Jens Stoltenberg não pode simplesmente ficar parado e aceitar que o projeto favorito do governo para a proteção das florestas tropicais seja sabotado por cada vez mais recursos do petróleo norueguês investidos na destruição dessas florestas". E cravou: "se o primeiro ministro Jens Stoltenberg pretende ter alguma credibilidade restante quando fala dos milhões noruegueses para as florestas tropicais, é preciso agir imediatamente".