Semana retrasada o jornal VG vazou um documento do ministério das finanças norueguês defendendo a redução de emissões de carbono fora da Noruega. O documento contradiz o compromisso climático (Klimaforliket) assumido pelos partidos políticos em 2008, de reduzir 2/3 das emissões em casa e apenas 1/3 através de cotas adquiridas junto a outros países.
Segundo o VG, as razões expressas no documento vazado seriam (i) não há hoje um acordo internacional climático vinculante em vigor, (ii) os custos de reduções domésticas cresceram desde a aprovação do Klimaforliket, e (iii) o desenvolvimento de novas tecnologias climáticas tem sido mais lento do que o esperado. Alguns dias depois o ministro veio a público desmentir sua posição e reafirmar que o governo cumprirá o prometido (2/3 de emissões domésticas) no Klimaforliket quando apresentar sua proposta de nova lei climática. O porta-voz de finanças do partido de extrema direita FrP diz que o ministro dormiu no ponto e deixou vazar um documento que confirma que, no fundo, esse Klimaforliket é furado.
O deslize é mais um capítulo da novela climática entre ambientalistas e o governo. Os ambientalistas reclamam que o governo vem empurrando com a barriga a aprovação da nova lei climática (que deve concretizar o marco legal do klimaforliket), as emissões norueguesas vêm aumentando, e a agenda do setor petrolífero continua alheia à questão climática. Argumentam que a Noruega deve manter o prometido e mostrar serviço em casa para poder cobrar depois, e não apenas pagar para se livrar do problema em outros lugares.
Para os países beneficiários da politica de Clima&Florestas como o Brasil, reduzir fora de casa significaria continuar e fortalecer justamente as iniciativas como o Fundo Amazônia.
Ministro das Finanças Sigbjørn Johnsen dormiu no ponto e deixou vazar documento que contesta compromisso climático do governo norueguês de reduzir 2/3 das emissões em casa
Mas há uma questão de escala e custo-benefício que parece enfraquecer o discurso ambientalista. As emissões norueguesas ainda são relativamente baixas se comparadas a emissões de outras fontes que podem ser reduzidas de forma mais barata, como por exemplo redução de desmatamento de florestas tropicais. A estratégia climática é baseada em cortar o máximo da forma mais barata possível. A central sindical norueguesa LO já manifestou ceticismo em relação à possibilidade de reduções domésticas, alegando que reduzir em casa significaria custos altos demais, e que isso ameaçaria a indústria e os empregos.
Num governo dominado pelo partido trabalhista, é este o tom que predomina, embora esteja desafinado com o próprio compromisso climático assumido.
Fontes:
http://www.vg.no/nyheter/utenriks/klimatrusselen/artikkel.php?artid=10031461
Dagsavisen 21/11 e 22/11
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